ATA DA DÉCIMA SESSÃO SOLENE
DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
06.05.1999.
Aos seis dias do mês de maio do ano de
mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e
dois minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o Dia das Mães,
nos termos do Requerimento nº 04/99 (Processo nº 93/99), de autoria do Vereador
João Dib. Compuseram a MESA: o Vereador Adeli Sell, 1º Secretário da Câmara
Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Nelson Magdalena,
Presidente da Associação Cristã de Moços de Porto Alegre - ACM; o Senhor Mário
Cardoso Jarros, Presidente de Honra da ACM - Porto Alegre; a Senhora Edith Long
Schisler; o Bispo Dom Eduardo Rodrigues; o Pastor Douglas Weehot; o Rabino
Yehuda Gitelmann; o Vereador João Dib, proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário
"ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé,
ouvirem à execução do Hino Nacional e, após, concedeu a palavra ao Vereador
João Dib que, em nome das Bancadas integrantes deste Legislativo, destacou a
importância do registro, pela Casa, da passagem do Dia das Mães, lendo poema
intitulado "Mãe!", escrito em mil novecentos e noventa e oito por
Nathalie Sulbach, quando esta cursava a terceira série fundamental. Em
continuidade, o Senhor Presidente convidou o Senhor Maurício Dias a proceder à
entrega de flores à Senhora Júlia Dib, mãe do Vereador João Dib, e de lembrança
a este Vereador. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Bispo Dom
Eduardo Rodrigues, que procedeu à uma benção especial pelo Dias das Mães e
teceu considerações acerca da grandeza da figura materna, aproximando-a do
conceito de pátria, conforme observado no Hino Nacional, onde o Brasil é
referido como "pátria amada, mãe gentil". Em continuidade, o Senhor
Presidente registrou o recebimento de correspondências alusivas à presente
solenidade, de autoria do Senhor Miguel Rosseto, Vice-Governador do Estado do
Rio Grande do Sul, e da Deputada Estadual Jussara Cony. Também, como extensão
da Mesa, foram registradas as presenças do Senhor João Adolfo Neto, representante
do Senhor Secretário Estadual de Obras e Planejamento; da Senhora Maria
Nazareth Salomé Pereira, representante da Associação Metodista de Ação Social
de Florianópolis; do Senhor Harold Ruy Behrends, ex-Presidente da Associação
Cristã de Moços; da Soldado Fabiana Cardoso, representante do Comando de
Policiamento Metropolitano. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Pastor Douglas Weehot, ao Rabino Yehuda Gitelmann, à Senhora Edith Long
Schisler e ao Senhor Nelson Magdalena, que relataram a origem da comemoração do
Dia das Mães, discorrendo sobre problemas hoje observados na sociedade e a
necessidade de uma valorização da figura materna como ponto de referência de
valores e meio de diminuição dos níveis de violência com os quais atualmente
convivemos. Em prosseguimento, foi realizada a apresentação das músicas
"Rei Hei Artzenun", "Ay Aguita" e de tema musical da peça
teatral "Bailei na Curva", pelo Coral da Associação Cristã de Moços,
sob a regência da Senhora Marisa Viero. Após, o Senhor Presidente convidou os
presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a
presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os
trabalhos às dezoito horas e vinte e um minutos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelo Vereador Adeli Sell e secretariados pelo Vereador João
Dib, Secretário "ad hoc". Do que eu, João Dib, Secretário "ad
hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos
e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Estão abertos os trabalhos da 10ª Sessão
Solene destinada a homenagear o Dia das Mães, por proposição da Mesa Diretora e
também do Ver. João Dib.
A
Mesa está composta: Ver. Adeli Sell, 1º Secretário, na Presidência dos
trabalhos; Exmo. Sr. Presidente da Associação Cristã de Moços de Porto Alegre,
Nelson Magdalena; Exmo Sr. Presidente de Honra da ACM Porto Alegre, Mário
Cardoso Jarros; Exma. Sra. Edith Long Schisler; Reverendíssimo Sr. Bispo Dom
Eduardo Rodrigues; Exmo Sr. Pastor Douglas Weehot ; Exmo Sr. Rabino Yehuda
Gitelmann.
Agradecendo
a presença de todos, damos início a esta Sessão ouvindo o Hino Nacional.
(É
executado o Hino Nacional.)
Ouviremos, agora, o proponente desta Sessão Solene, que
falará em nome de toda a Câmara Municipal, representando as nove Bancadas dos
distintos Partidos, aqui representados. Com a palavra o Ver. João Dib,
representando as nove Bancadas aqui desta Casa.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores.( Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Senhoras e Senhores, esta é a 27ª
Sessão Solene, consecutivamente feita, a partir de 1973, na Câmara Municipal,
para homenagear a criatura mais importante do mundo, que é a mãe. Não há muita
diferença este ano dos anos anteriores em que temos feito a nossa Sessão
Solene. O bispo falará pela igreja católica, o nosso pastor Douglas, pelos
evangélicos e o Rabino, pelos judeus, que estão na nossa Cidade e fora dela
também.
Mas o importante é que não esqueçamos da mãe e façamos uma
Sessão singela. Este ano com alguma coisa diferente, a presença da menina
Nathalie, a sua mãe, Dona. Paulete e a sua avó, a Dona Irene. Por que a
Nathalie está presente hoje aqui? Porque ela fez um versinho, que eu entendi o
mais bonito e o escolhi, em um cartãozinho que foi divulgado para algumas
pessoas, homenageando a sua mãe.
“ Mãe!/ Tua magia, teu encanto, teu sorriso/ e tua
sensibilidade me fazem sonhar./ Minha vibração de felicidade, quando estou ao
teu lado,/ é infinitamente grande./ Nosso amor é um amor lindo e,/ dia a dia,
cada vez mais/ Me faz sonhar e viver mais plenamente”.
A Nathalie é aquela jovem sentada ali, sorrindo com um
sorriso bonito.
Mas
eu vou deixar que aqueles que sabem mais do que eu, e mais do que os
Vereadores, expressem o carinho para as mães de todos nós. A ACM introduziu o
Dia das Mães em Porto Alegre, Getúlio Vargas oficializou no Brasil e Dom Jaime
de Barros Câmara instituiu na Igreja Católica. Então, todos nós nos somamos e
dizemos felicidades para todas as mães. Saúde e paz Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Secretário-Geral da
Associação Cristã de Moços, ACM em Porto Alegre, Sr. Maurício Dias para proceder
a entrega de flores a mãe do Ver. João Dib, Sra. Júlia Dib e um mimo ao
Vereador.
(É
feita a entrega das flores a Sra. Júlia Dib e uma lembrança ao Ver. João Dib.)
(Palmas.)
Falo
em nome dos Vereadores aqui presentes - Ver. Pedro Américo Leal, Ver. João
Carlos Nedel e o Ver. Hélio Corbellini -, que nesta entrega de flores a Dona
Júlia Dib também é uma entrega de flores, da harmonia e das cores que essas
flores simbolizam, a todas as mães do Brasil; e o mimo recebido pelo Ver. João
Dib, tenho certeza, que é assim que todos os filhos recebem o agrado de suas
mães. Também anuncio a presença das nobres Vereadoras Maristela Maffei e Sonia
Saraí.
O
Bispo Dom Eduardo Rodrigues está com a palavra para fazer a sua benção em
homenagem às mães.
O SR. BISPO DOM EDUARDO RODRIGUES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muita alegria que represento
nesta oportunidade a Igreja Católica, num convite formulado pelos Vereadores
João Dib e João Carlos Nedel desde o dia em que a CNBB foi homenageada por esta
Casa, em decorrência da Campanha da Fraternidade. Eu penso que a Igreja
Católica não poderia se ausentar neste momento em que a municipalidade
reconhece, numa Sessão Solene, a grandeza e a importância da figura da mãe.
Quando
cantávamos o Hino Nacional, confesso que mais ouvia que cantava, pois sou um
pouco desafinado para cantar, logo me chamou atenção “És mãe gentil”. A mãe é
tão significativa na alma das pessoas e de um povo que, quando queremos falar
das coisas sagradas e mais importantes para nós, recorremos à mãe. Fazemos uma
metáfora, a Pátria, que vem de pai, é mãe gentil. Que coisa bonita é “A Pátria
é mãe gentil”.
Numa
creche de crianças, certa vez, vi uma estátua que representava uma pátria, com
uma criança a sua frente, olhando para o futuro, e a mãe, representando a
pátria, como quem está a apontar o amanhã para aquela pequena criança.
A
mãe realmente é uma figura extraordinária e todos nós começamos a nossa
existência, no íntimo do seu ser, conforme o pensamento de Deus, a partir de um
amor muito profundo. Depois que vim à Câmara falar da Campanha da Fraternidade,
fiz um artigo dizendo que a Igreja acredita na política, pois ela é o meio de
se procurar, mais eficazmente, o bem comum. E disse depois no artigo que,
infelizmente, a corrupção das melhores dimensões do ser humano produz os piores
males. A grandeza da vocação da mulher, da maternidade é tão profunda e tão
grande, que quando ela se estraga, produz muitos males. Mas não queremos falar
dos males produzidos no nosso mundo pela falta de espírito materno profundo,
queremos, hoje, reconhecer o valor e a importância das nossas mães na formação
da nossa personalidade, na formação da nossa cultura.
Dizia
que quando queremos ressaltar a importância de um amor, como o amor à Pátria,
falamos de mãe. Também no Antigo Testamento, no Livro de Isaías, cito o que
João Paulo escreveu citando o Antigo Testamento, quando Deus quis, através do
profeta Isaías e através de algum Salmo, expressar o seu amor pelo seu povo,
Deus mesmo não resistiu, e ele que é Pai, mostrou-se com ternura de mãe.
Isaías, Capítulo 49, 14,15: “Javé abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim -
dissera Sião - pode, acaso, uma mãe esquecer o próprio filhinho? Não se
enternecer pelo fruto das suas entranhas? Pois bem, ainda que tais mulheres
deles se esqueçam, eu, porém, não me esquecerei de ti”.
E
em outra passagem, Isaías 66, 13: “Como alguém que é consolado pela própria
mãe, assim eu vos consolarei e em Jerusalém recebereis conforto”.
Salmo
131: “Como a criança desmamada no regaço da mãe, como criança desmamada está
minha alma, espera Israel no Senhor”. Temos na própria Escritura Sagrada, já no
Antigo Testamento, essa manifestação de Deus, que ao querer veicular para nós a
mensagem do seu amor, recorreu à experiência da relação, essa relação primeira,
essa relação que está plantada nas raízes do nosso ser, essa relação materna,
da mulher com o seu filhinho. Na verdade, a maternidade é um qualificativo da
mulher que a enobrece de uma forma que não podemos medir.
É
claro que quando falamos de maternidade, não podemos excluir a paternidade, mas
a maternidade tem alguma coisa de especial, porque, embora não deva ser assim,
se pode ser pai ao mesmo tempo de muitos, mas quando se é mãe, se é de um ou
dois, quando são gêmeos, e todo o ser da mulher converge para aquela nova vida,
que começa pequenina. E converge não no sentido de absorvê-la, mas no sentido
de ir fazendo com que essa vida cresça, depois venha ao mundo, e esse amor de
mãe continua a cercar esse ser pequenino, dando o alimento e tudo aquilo que é
necessário para que ele cresça em humanidade. Não vamos abordar aqui a
participação do pai, isso será um tema para o dia 13, quando esta Casa abordará
a questão da família.
Quero-me
referir à maternidade como uma realidade biológica, mas que na mulher, ser
humano, é uma realidade espiritual e psicológica profunda, constituindo-se
tanto mais autêntica quanto mais alimenta a autonomia daquele que vai
crescendo, até que ele se torne adulto e possa ocupar o seu lugar no mundo,
contribuindo para construir um mundo dentro dos critérios da justiça, da
fraternidade e do amor.
Parabenizo
esta Casa por esta Sessão. Cumprimento todas as mães. Fico feliz por ter aqui a
presença da filha daquele que introduziu a festa das mães no Brasil, Sra. Edith
Long Schisler. Parabenizo as mães aqui presentes. Faço a Deus uma prece: que
todas as mães possam receber aquilo que merecem, ou seja, o amor de seus filhos
e o reconhecimento da sociedade e da Pátria.
Deixo
o meu abraço para todos e espero que esta Sessão possa continuar neste clima de
alegria, sinceridade e verdade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Temos o prazer de anunciar que recebemos
do gabinete do Vice-Governador do Estado, Miguel Rossetto, um fax, pedindo
escusas ao Ver. João Dib e a esta Casa por compromissos agendados
anteriormente, não podendo estar presente. Da mesma forma, do gabinete da Depª
Estadual Jussara Cony.
Como
extensão da Mesa, queremos anunciar a presença do representante do Secretário
de Obras e Planejamento - o nosso sempre Ver. Pedro Ruas -, Sr. João Adolfo
Neto; a representante da Associação Metodista de Ação Social de Florianópolis,
Sra. Maria Nazareth Salomé Pereira; o ex-presidente da Associação Cristã de
Moços, Sr. Harold Ruy Behrends; a representante do Comando de Policiamento
Metropolitano, Soldado Fabiana Cardoso; secretários, coordenadores, demais
funcionários da Associação Cristã de Moços e amigos convidados.
Convidamos
o Pastor Douglas Weehot para dar-nos uma benção e usar a palavra.
O SR. PASTOR DOUGLAS WEEHOT: Senhores e Senhoras, é um prazer
representar a comunidade evangélica neste ato em que nós homenageamos as nossas
queridas mães e as mães dos nossos filhos. Meu desejo seria abraçar cada mãe
aqui presente, e espero fazer isso no decorrer desta tarde.
Alegro-me
com a iniciativa do Ver. João Dib por esta Sessão tão importante, e espero que
ela possa ser uma espécie de símbolo daquilo que deve nortear todo o nosso
comportamento e todo o nosso agir como porto-alegrenses. Obrigado pelo convite.
Há
três ou quatro semanas nós tivemos um encontro na nossa Igreja Luterana, na
Zona Sul, com alguns jovens estudantes universitários. Sabem todos que, quando
estudantes universitários se reúnem, há muitos sonhos presentes. Todos os
problemas do mundo são facilmente resolvidos; há muitas receitas mágicas que
surgem desses encontros; há muitas propostas mirabolantes; há um elucubrar que
vem como resposta para todos os males da nossa sociedade. De repente, um dos
que ali estavam levantou aquela pergunta simples, porém, não simplória: qual é
a grande carência do nosso tempo? Evidentemente, todos os estudantes, cada um
em sua área de formação, trouxe a sua contribuição. Os que estão envolvidos com
o mundo da Economia e da Administração falavam de uma ordem econômica diferente
daquela que nós vivenciamos; os envolvidos com o mundo da Medicina falavam em
saúde preventiva; os envolvidos com o mundo da Pedagogia falavam da necessidade
de uma melhor e mais ampla educação, de uma educação libertadora; os estudantes
de Sociologia tinham as suas visões a respeito das necessidades do mundo. E foi
um debate muito intenso, um debate muito acalorado, até que, de repente, uma
moça muito tímida, uma menina ainda, adentrando no seu mundo universitário,
falou qual a grande carência do nosso tempo. Ela, uma menina órfã, criada não
pela sua própria mãe, porque a mãe faleceu quando ela nasceu, disse assim: que
a grande necessidade do nosso tempo, a grande carência da nossa sociedade é a
carência e a necessidade de mães e
de pais que tenham consciência do que é certo e do que é errado. Nós, como
filhos, precisamos de paradigmas; nós, como filhos, precisamos de baluartes;
precisamos de arautos; precisamos de sentinelas que se ergam nas portas da cidade
dizendo-nos quais são os valores absolutos e quais são os valores relativos.
Na
verdade, essa moça trouxe a mais profunda das contribuições naquele debate,
segundo a minha visão particular. Nós precisamos, na nossa sociedade, de mães e
de pais que tenham a coragem de dizer que nem tudo que está ao nosso redor é
relativo. Aliás, nós somos a geração que é fruto daquele pensamento que veio lá
de Hegel, de alguns séculos atrás, que diz que a verdade já não existe, que a
verdade morreu. E parece que isso se incorporou de tal maneira que, muitas
vezes, nós, como cidadãos, os senhores, como políticos, as senhoras, como mães,
nós, como pais, esquecêmo-nos que nem tudo é relativo: o certo de ontem
continua sendo o certo de hoje; a verdade de ontem continua sendo a verdade de
hoje; e a mentira de ontem, de tanto ser repetida, não se transformou na
verdade do cotidiano. E o meu desejo, quando nós homenageamos o Dia das Mães
aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre, é que nós possamos interceder, que
nós possamos orar sempre de novo a Deus para que ele tenha misericórdia de nós.
E que nós tenhamos a coragem e a audácia de sugerir sempre de novo que o que
nós precisamos são de valores absolutos, pois que os valores absolutos são os
valores que dão grandeza a uma família, são os valores que dão grandeza a uma
Pátria. Nós só seremos uma nação bonita e grande quando os valores eternos da
palavra de Deus, da tradição judaico-cristã, continuarem sendo anunciados como
os valores da verdade.
Eu
quero terminar apossando-me das palavras do historiador Décio Freitas, um
pequeno parágrafo de um artigo que saiu num dos jornais de Porto Alegre no
último domingo. E, num contexto parecido com este a respeito do qual eu falo,
num contexto em que tudo é relativizado, em que não existe mais o certo, em que
não existe mais o errado, ele diz assim:
(Lê.)
“Para
os cristãos deste final de século, os direitos humanos exprimem o direito de
violar os dez mandamentos - lamentavelmente, digo eu. O direito à privacidade é
o direito ao adultério ou à corrupção, cometidos em segredo, sem que ninguém
tenha o direito de investigar ou escutar. O direito de buscar felicidade ou
propriedade virou direito ao roubo, à corrupção, à exploração. A liberdade de
expressão é o direito de mentir ou difamar. O direito à posse de armas é o
direito de matar. A liberdade religiosa transformou-se em direito de montar
negócios altamente lucrativos - em nome de Deus. O direito à identidade
autoriza um neo-racismo. A liberdade sexual importa no direito à promiscuidade.
A liberdade artística entroniza a estética da fealdade. Quer dizer, liberdade
passa a ser sinônimo de amoralidade.”
Quero convidar as mães de Porto Alegre, nas
pessoas das senhoras aqui presentes, para que sejam mães que tenham a coragem
de nadar contra a correnteza, para que tenham a coragem de ser mães diferentes,
e que nós, como pais e como filhos, possamos animar as nossas mães a serem
aquelas sentinelas que dizem: ainda há o certo; ainda há o errado; importa
discernir claramente o que é o certo e o que é o errado. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Pastor Douglas Weehot.
O
Rabino Yehuda Gitelmann está com a palavra.
O SR. YEHUDA GITELMANN: Mais uma vez, é uma honra poder
participar desta Sessão Solene. Tomando as palavras do Bispo, a Cidade de Porto
Alegre e este Brasil, depois de já praticamente nove anos morando aqui,
transformou-se na minha Pátria, e já que meus filhos são mais brasileiros do
que argentinos, eles também consideram o Brasil como sua Pátria.
Meus
amigos, como seres físicos sempre estamos sujeitos ao passar do tempo, a esta
força que nos conduz desde o passado, passa pelo presente e nos leva para o
futuro. Eu falo como representante da comunidade judaica e digo que nós,
judeus, às vezes, temos uma experiência mais íntima com o tempo. Ele passa a
ser, além do simples tempo, uma experiência adicional em nossa vida e, assim
que adentramos cada vez mais nesse fluir, descobrimos a sua natureza
multifacetada, que é a potencialidade que o tempo nos dá. A Bíblia estabelece a
distinção entre os dias de trabalho e o dia de descanso, entre comer o pão da
pobreza, nos dias de Páscoa, entre contar os dias da saída do Egito até chegar
ao Monte Sinai, estabelecendo também horários para rezas e um conjunto de
observações que depende, na verdade, do tempo. A Bíblia nos diz que a mulher
está livre de observar alguns preceitos que têm horário fixo. A pergunta é,
então: qual o papel, a importância da mulher no desenvolvimento do tempo?
Quando Deus ordena a Moisés para ele preparar o povo ao pé do Monte Sinai e,
assim, receber as Tábuas da Lei, Deus lhe ordena e lhe diz que ele primeiro
fale às mães, depois às mulheres e, por último, aos homens. Essa forma de
comunicação está intimamente ligada à espiritualidade, à essência. Meus amigos
e minhas queridas mães, a mãe absorve os conhecimentos da sua fé feminina e a
receptividade própria de toda mãe. Por isso, Deus ordena a Moisés falar
primeiro para as mães. Todo o processo de evolução é do geral para o
particular, desde o conceito amplo ao conhecimento profundo. Fala primeiro às
mães, elas são o primeiro passo da comunicação da verdade divina para toda a
humanidade. Elas são a encarnação do tempo, relacionadas com a essência do
tempo. Com o potencial puro que transcende até mesmo o próprio tempo,
relacionadas com a vida, mais do que propriamente com os segmentos específicos
definidos pelo calendário e pelo relógio.
Eu quero encerrar dando a
benção, a benção que o antigo sacerdote por ordem de Moisés costumava dar ao povo:
“que Deus abençoe, cuide, guarde e ilumine”. Peço que Deus cuide, guarde e
ilumine as nossas mães para que elas possam continuar nos cuidando e que nós
possamos cuidar delas, para que elas possam continuar iluminando até aqueles
que fisicamente não estão conosco. E que Deus possa dar a verdadeira paz, não a
paz de guerra, mas sim uma paz espiritual! Muito obrigado
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra à Sra. Edith Long
Schisler, filha de Franck Long, que foi Secretário-Geral da nossa Associação
Cristã de Moços e introdutor do Dia das Mães no Brasil, onde teve sua primeira
comemoração em 1918.
A SRA. EDITH LONG SCHISLER (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Estou chegando de Florianópolis, hoje. Posso dizer que é uma
alegria muito grande estar na Cidade de Porto Alegre, o berço do Dia das Mães
aqui no Brasil, onde foi comemorada a primeira celebração do Dia das Mães no
Brasil, na Associação Cristã de Moços. Temos ouvido falar na história do Dia
das Mães, mas existe um fato a respeito da vida da fundadora nos Estados
Unidos, a Anne Jarvis, que não é conhecido na história do dia e que eu gostaria
de repartir com todos, nesta tarde.
Anne
Jarvis residia no estado de Virgínia do Oeste, na América do Norte; era filha
solteira que amava e admirava muito a sua mãe. A sua mãe foi uma mulher
extraordinária, que viveu durante aquela guerra terrível, a guerra civil dos
Estados Unidos entre dois partidos políticos - o do Norte e o do Sul -, onde o
partido do Sul queria formar uma pátria separada do restante do país. No filme
“E o Vento Levou” pudemos ver os
horrores daquela guerra, e de todas as guerras. O Estado da Virgínia do Oeste,
em particular a cidade de Grafton, onde nasceram Anne Jarvis e sua mãe, se
situava na divisa, onde cruzavam as forças políticas do Norte e do Sul do país.
As famílias daquela cidade sofreram muito durante a guerra, porque foram
divididas de acordo com suas lealdades políticas.
Ao
término da guerra, em 1865, a mãe de Anne Jarvis resolveu reunir as famílias,
que estavam feridas, chocadas, deprimidas, algumas ainda com ódio. Ela marcou
um domingo para tentar a reconciliação e a reintegração das famílias daquela
cidade. Foi um almoço ao ar livre para que as pessoas levassem os comestíveis e
se reunissem em torno de uma mesa grande, e para que houvesse orações naquele
dia, rogando a Deus a paz entre estas famílias.
Veja
como Anne Jarvis, menina ainda, mocinha ajudou a sua mãe naquela ocasião. E foi
certamente lá que nasceu também esta honra, com o respeito que ela teve pela
sua mãe, que fez querer homenagear a sua mãe, junto com todas as mães, na
Primeira Igreja Metodista de Grafton, no ano de 1908.
Portanto,
são 91 anos de amor às mães em tempos modernos, que estamos celebrando. E aqui
no Brasil são 81 anos de amor às mães brasileiras.
Gostaria
de dizer, quando relembramos o Dia das Mães no dia de hoje, a toda a mulher que
tem a maternidade dentro do seu coração, seja ela, fisicamente, mãe ou não, que
estas palavras tão lindas que aqui recebemos certamente nos são necessárias.
Precisamos delas porque sofremos muitas vezes, como mulheres, a discriminação,
a falta de compreensão, injustiças. Mas, apesar de tudo isso, que possamos
lembrar Anne Jarvis e sua mãe, que possamos ser agentes de reconciliação, de
reintegração dentro de nossas próprias famílias e dentro da sociedade
brasileira.
Que
Deus nos prepare, que Deus nos ajude neste desafio que está diante de nós. Ao
olharmos para o próximo milênio, que possamos ser estes agentes de amor, de
justiça, de paz, de reconciliação e de reintegração na família e na sociedade.
Muito obrigado.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao Sr. Nelson
Magdalena, Presidente da ACM.
O SR. NELSON MAGDALENA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
A honra que nos é concedida por esta egrégia Casa, nesta Sessão requerida pelo
Ver. João Dib, muito nos sensibiliza e por ela somos muito agradecidos.
No
próximo domingo, dia 09, o País inteiro estará envolto numa aura de amor. O
mais puro, o mais terno e o mais aconchegante: é o amor daquela que nos
acariciou ainda na gestação, que guiou os nossos primeiros passos e que nos
apoiou nos conselhos, mesmo depois, quando nos julgávamos auto-suficientes.
Para
nós acemistas, referenciar esse dia consagrado às Mães nos permite viver essa
felicidade em dose dupla.
Foi
aqui, exatamente na Cidade de Porto Alegre, que se homenageou pela primeira vez
no Brasil, no ano de 1908, essa mulher que identificamos como sendo a base da
formação da família. E para nós da ACM a família é a reserva moral da nossa
Nação. Foram esses os conceitos que motivaram em 1908, na comunidade de
Grafton, Virgínia (Estados Unidos), a então professora Anne Jarvis, a promover
a primeira homenagem pública às Mães, por seu reconhecimento ao amor,
orientação e ao carinho que recebeu, como falou tão bem até agora a nossa
Franck Long. A nossa filha, Franck Long, elaborou essa parte.
Dez anos depois daquela data, em 1918, o então
Secretário-Geral da ACM em Porto Alegre, realiza a primeira comemoração do Dia
das Mães no Brasil. O significado desta homenagem ganha o reconhecimento do
então Presidente Getúlio Vargas que, por decreto assinado em 1932, oficializa
esta celebração.
Nosso sentimento de felicidade ganha contornos mais amplos,
também pela presença da Senhora Edith Long - filha do introdutor do Dia das
mães no Brasil. Nossos agradecimentos pela sua presença entre nós e a nossa
eterna admiração pelas lembranças que temos de seu pai e por seu legado.
Ao finalizar, Senhores, queremos aproveitar o privilégio que
nos é dado nesta Sessão para agradecer e parabenizar a todas as mulheres - mães
ou não - que diariamente convivem com a ACM: voluntárias, funcionárias,
professoras, diretoras, enfim, todas que, no dia-a-dia, nos envolvem com sorrisos,
entusiasmo e dedicação pela causa acemista. Na ACM, todos os dias são
consagrados a elas.
Agradecemos aos Senhores representantes da comunidade
porto-alegrense, em especial ao Ver. João Dib, proponente desta homenagem.
Aproveitamos para convidar a todos aqui presentes para
participarem do culto ecumênico em homenagem às mães, que realizaremos no dia 8
de maio, sábado, às 10 horas, na praça General Braga Pinheiro, em frente à ACM.
Que Deus abençoe a todos! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estamo-nos encaminhando para o final
desta Sessão Solene, não sem antes registrar a presença das Vereadoras e mães
Maristela Maffei e Sonia Saraí; Ver. João Dib, proponente desta bela e merecida
homenagem às nossas mães; Vereadores Pedro Américo Leal, João Carlos Nedel e
Hélio Corbellini que aqui também se fizeram presentes. Para que possamos entrar
na harmonia do canto, quero lembrar também que esta harmonia de cores que
estamos vendo aqui à nossa frente, assim como a harmonia das cores da Bandeira
Brasileira, nossa terra-mãe, a harmonia que vemos nas três cores, símbolos do
Rio Grande do Sul, como a harmonia que se vê entre o rio, lago, Guaíba e a
Cidade de Porto Alegre, sejam sempre símbolos da harmonia entre mães e filhos.
Para
encerrar esta cerimônia, ouviremos a harmonia dos sons, com três músicas
interpretadas pelo Coral da Associação Cristã de Moços, que tem como Regente a
Sra. Marisa Viero.
A SRA. MARISA VIERO: A primeira música que cantaremos se
chama “Rei Hei Artzenun”. Sua origem é africana, mas é uma música judaica. Eu
trabalho com esse tipo de música e o Coral adorou quando ouviu pela primeira
vez, e nós a escolhemos para cantar para vocês. A segunda música é “Ay Aguita”,
música do folclore chileno. Não se sabe quem fez, não sabemos o compositor. A
terceira música é de um gaúcho que escreveu para a peça “Bailei na Curva”, e
foi sucesso há anos. O nome do autor é Flávio Bicca Rocha.
(É
feita a apresentação do Coral da ACM.)
(Executa-se
o Hino Rio-grandense.)
O SR. PRESIDENTE: Obrigado a Profa. Marisa Viero. Encerro
esta Sessão em homenagem ao Dia das Mães, homenageando todas as mães de Porto
Alegre e do Brasil. E plagiando o Ver. João Dib, Saúde e paz.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h21min.)
* * * * *